O agronegócio e a mineração, setores da economia considerados primários, ganham força no país em meio à crise econômica provocada pela pandemia. Turbinados pelo câmbio favorável e pela alta da demanda por commodities nos países que se recuperam do baque da Covid-19, sobretudo a China, os dois segmentos aumentam seu peso no Produto Interno Bruto (PIB).
As evidências aparecem na forte alta das exportações, no pagamento de impostos, nos balanços financeiros das companhias do setor e na atração de investimentos.
Isso acontece em um momento de dificuldades para a indústria e os serviços, mais afetados pelas restrições sanitárias. O aumento do peso do setor primário é ruim para o país? Não necessariamente, dizem os economistas.
Se esses setores já foram tratados como básicos, com pouca capacidade de gerar emprego, tecnologia e oportunidades de desenvolvimento, essa realidade está mudando.
Especialistas lembram que há muito mais tecnologia no campo e nas minas, aumentando o valor agregado do que produzem e gerando benefícios econômicos em outras áreas.
— É cada vez mais tênue a linha entre o setor primário e a indústria e os serviços. Novas tecnologias ampliam impactos econômicos do agro e da mineração — diz o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Cláudio Considera, pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo Monitor do PIB, diz que o peso da agropecuária na economia passou de 6,8%, no primeiro trimestre de 2016, para 12,6% em igual período deste ano.
Já a participação do extrativismo mineral na economia passou de 0,9% para 3,5% do PIB na mesma comparação.
Fonte: O Globo