
A guerra desencadeada com a invasão da Ucrânia pela Rússia deve ter consequências diretas e indiretas para setores da economia brasileira, em especial os ligados ao agronegócio.
Se, por um lado, não há grandes empresas brasileiras com operações na Ucrânia atualmente, a guerra entre Rússia e Ucrânia tem repercussões imediatas nos preços internacionais de trigo e milho, uma vez que os países são produtores das duas commodities, e do barril do petróleo, uma vez que a Rússia tem grandes reservas.
A Ucrânia é responsável por 16% das exportações de milho globalmente e 10% das de trigo, enquanto a Rússia detém 18% das exportações de trigo mundiais, de acordo com relatório do banco Itaú BBA. Juntos, os países representaram nos últimos três anos cerca de 20% e 30% das exportações globais de milho e trigo, respectivamente.
Para o analista Gustavo Troyano, do Itaú BBA, a fabricante de alimento M. Dias Branco está entre as empresas mais expostas a aumentos de preço do trigo e a gigante BRF à subida do preço do milho, usado como ração em criação de suínos e aves.
— Rússia e Ucrânia juntas são representativas no comércio global de trigo e milho e o fluxo global desses grãos depende do fornecimento desses países. Qualquer expectativa de interrupção na cadeia logística traz risco de escassez de matéria prima e subida de preços.
O Brasil em si não é um grande importador de trigo e milho desses países, mas é afetado porque os preços das commodities em mercados futuros já está em ascensão.
— A expectativa de interrupção já se refletiu nos preços e as empresas brasileiras que têm maior exposição, como M. Dias Branco e BRF, já tiveram performance negativa na Bolsa porque o mercado antecipa os riscos. As duas commodities são componentes importantes dos custos das duas companhias — afirma Troyano.
As ações de BRF recuaram 6,07% e encerraram o pregão cotadas a R$ 17,34, enquanto os papéis de M. Dias Branco caíram 3,62%, negociadas a R$ 22,89.
O Globo