O preço do leite no campo registrou alta acumulada real de 42,5% desde o início deste ano na “Média Brasil” líquida do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Este avanço foi acentuado nos últimos três meses, quando os valores subiram 39,7% e a cotação do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto atingiu o recorde de R$ 1,9246/litro (dados deflacionados pelo IPCA de agosto/20). A expectativa do Cepea é de que o preço do leite captado em agosto e pago em setembro possa subir em torno de 10%, estabelecendo um novo recorde.
De acordo com o Cepea, a alta das cotações ao produtor entre março e agosto é um fato sazonal, já que a captação de leite é prejudicada pela baixa disponibilidade de pastagens, em decorrência da diminuição das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste. Este ano, as severas condições climáticas, que implantaram a retomada da produção leiteira (com destaque para a estiagem no Sul do País); o aumento nos custos de produção em relação ao ano anterior e a redução considerável dos estoques de derivados lácteos agravaram a situação.
Além disso, no primeiro semestre, o volume de importações de lácteos foi enxuto, devido à desvalorização do Real frente a moedas estrangeiras. Isso contribuiu para a demanda superar a oferta e para a concorrência acirrada das indústrias de laticínios na compra de matéria-prima.
No entanto, o movimento de alta no campo deve perder força nos próximos meses, segundo o Cepea, com a aproximação do final da entressafra e o início da primavera, com condições climáticas mais favoráveis para a produção leiteira.
Soma-se a isso, o aumento das importações de lácteos pela indústria, visando diminuir a disputa pela compra de matéria-prima. Como reflexo disso, o preço médio do leite spot em Minas Gerais na primeira quinzena de setembro se elevou apenas 0,2%. Na segunda quinzena, recuou 5,5%, chegando a R$ 2,61/litro.
No total das compras externas, foram adquiridas 18,1 mil toneladas de lácteos, volume 40% superior ao de julho/20 e 77% acima do registrado no mesmo período de 2019. O principal produto adquirido em agosto foi o leite em pó, que representou 70% do total importado, somando 12,7 mil toneladas – aumento de 63,1% frente ao mês anterior e de 121% comparado a agosto/19, de acordo com dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex).
Fonte: Globo Rural