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Mudança de paradigma: o que falta para o agronegócio se fintechzar de vez?

Foto: Reprodução

No cenário atual, a convergência entre o setor financeiro e o agronegócio tem se revelado uma oportunidade promissora para as empresas do setor. A criação de bancos digitais específicos para os clientes fazendeiros surge como uma inovação estratégica, impulsionando não apenas as transações comerciais, mas também fortalecendo os laços de confiança e fidelização entre as empresas e os agricultores. Tudo isso impulsionado pela relevância do PIB do setor.

O agronegócio está passando por uma revolução digital, e as empresas deste segmento estão reconhecendo a necessidade de diversificar seus serviços para além da venda de insumos agrícolas. A transformação em fintechs, por exemplo, permite que essas empresas se posicionem como parceiras financeiras dos fazendeiros, oferecendo não apenas produtos agrícolas, mas também soluções financeiras personalizadas.

Uma abordagem inovadora já adotada por algumas dessas empresas é a oferta de crédito baseado na capacidade de produção dos agricultores. Utilizando dados precisos e análises avançadas, as fintechs agrícolas podem determinar o potencial produtivo de cada cliente, estabelecendo assim limites de crédito personalizados. Essa abordagem alinha os interesses das empresas do agronegócio com o sucesso dos fazendeiros, criando uma relação simbiótica.

Além disso, as empresas do agronegócio, ao se tornarem fintechs, podem aproveitar a confiança já estabelecida por meio das transações comerciais para oferecer serviços financeiros. A familiaridade entre as partes envolvidas facilita a aceitação de produtos financeiros, transformando a empresa em uma parceira integral no ciclo produtivo do agricultor.

A transição para fintechs permite ainda que as empresas de agronegócio diversifiquem suas fontes de receita. Além de ganhos provenientes da venda de produtos agrícolas tradicionais, essas empresas podem lucrar com serviços financeiros, como empréstimos, contas digitais e antecipação da safra como garantia. Essa abordagem estratégica cria uma fonte adicional de receitas e fortalece a resiliência financeira das empresas em um mercado volátil.

Por fim, empresas que já possuem um histórico de transações com os agricultores têm uma vantagem estratégica. O conhecimento prévio sobre o comportamento de compra, histórico de produção e necessidades específicas dos fazendeiros torna-se um diferencial competitivo crucial. Essas informações podem ser aproveitadas para personalizar ofertas financeiras, garantindo uma abordagem mais precisa e eficaz na concessão de crédito.

Mas se é tão vantajoso para empresas do agronegócio se tornarem fintechs, o que falta para essa fintechzação finalmente deslanchar?

Apesar do potencial evidente, poucas empresas do agronegócio exploraram completamente essa transição para fintechs. O campo está aberto para inovações e iniciativas pioneiras, já que grandes instituições financeiras tradicionais muitas vezes não conseguem estabelecer uma conexão efetiva com os agricultores, proporcionando um vasto oceano azul de oportunidades para as empresas de agronegócio se destacarem.

A meu ver, para que a fintechzação do agronegócio avance é preciso que haja uma integração cada vez mais eficiente entre as tecnologias financeiras e o setor agrícola. Isso implica não apenas em desenvolver soluções inovadoras, mas também em superar desafios estruturais e culturais que podem estar limitando o pleno potencial dessa transformação. Em primeiro lugar, é crucial estabelecer parcerias sólidas entre as fintechs e as empresas agrícolas. A colaboração estreita permitirá uma compreensão mais profunda das necessidades específicas do agronegócio, viabilizando o desenvolvimento de ferramentas financeiras adaptadas às peculiaridades do setor. Isso inclui a criação de instrumentos de crédito que considerem as sazonalidades da produção agrícola, mitigando riscos e facilitando o acesso a capital para os produtores.

A transformação das empresas de agronegócio em fintechs representa não apenas uma evolução natural dos negócios, mas também uma oportunidade estratégica para impulsionar a fidelização dos clientes fazendeiros. Ao oferecer crédito baseado na capacidade de produção e construir confiança por meio de relacionamentos comerciais consolidados, as empresas podem não apenas prosperar financeiramente, mas também desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento sustentável do setor agrícola. Este é um momento crucial para as empresas do agronegócio abraçarem o potencial transformador da tecnologia financeira, consolidando-se como parceiras essenciais na jornada dos agricultores rumo ao sucesso.

  • Renan Basso é co-fundador e diretor de negócios da MB Labs, uma renomada empresa especializada em consultoria e desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais. Com uma sólida carreira no setor de tecnologia. Com uma formação em engenharia da computação pela PUC Campinas e MBA na DeVry Educacional do Brasil, Basso é especialista em tecnologia, engenheiro de software e desenvolvimento de sistemas para grandes companhias. Especialista em construção de tecnologia para as indústrias financeiras e super apps. Com vasta experiência no setor de tecnologia e finanças, com objetivo de impulsionar a inovação e criar soluções para fintechs.
Postado em 23 de janeiro de 2024

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