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Resiliência do agro durante pandemia atrai empresas de outras áreas ao mercado rural

Uma indústria química especializada em adesivos e laminados especiais para aplicações no setor calçadista, moveleiro, automotivo, construção civil, papel e embalagem investe no lançamento de adesivos para fechar caixas de frutas produzidas no Nordeste.
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Outra indústria de óleos lubrificantes líder no mercado de motocicletas aposta em uma linha específica para tratores e outras máquinas agrícolas. Uma empresa de venda de eletrodomésticos abre plano de consórcio para a compra de tratores e drones agrícolas.

Nenhuma têm o DNA no agronegócio. Mas todas decidiram investir ou elevar seus investimentos nesse setor que vem sustentando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, mesmo em tempos de pandemia.

No ano passado, o PIB brasileiro registrou um tombo de 4,1%, o maior desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1996. A indústria teve recuo de 3,5% e os serviços caíram 4,5%. O único setor que se manteve positivo foi a agropecuária, com um crescimento de 2%. Na década, os números são ainda mais impressionantes: segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), enquanto o PIB brasileiro teve retração de 1,2%, a agropecuária cresceu 25,4%.

Antônio Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), diz que o agronegócio é um setor extremamente complexo e que essa complexidade vem de sua interligação com a indústria que lhe fornece e compra produtos e com o setor de serviços.

Luz avalia que a queda do setor industrial em 2020 foi puxada pela indústria de transformação, mas a parte ligada ao agro cresceu, como as indústrias de alimentos, máquinas agrícolas e fertilizantes. Para o economista, é preciso desmistificar logo a ideia de que o agro brasileiro só exporta grãos e não produtos com valor agregado.

“Quando a gente exporta aquele grãozinho de soja, estamos exportando a máquina que foi usada na produção agrícola, a biotecnologia que foi embarcada na semente, a técnica e o conhecimento dos processos de produção. E trazemos dólares que mantêm funcionando a agropecuária e toda a indústria e serviços que estão no cinturão da agropecuária. Esse sucesso, lógico, chama a atenção de setores que têm patinado em seus negócios prioritários, enquanto vêem colegas de outras indústrias e serviços nadando de braçadas porque estão de mãos dadas com o agro”, explica.

Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP-Ribeirão e especialista em agronegócio, concorda. “Devido ao crescimento do setor e às projeções futuras, vemos um grande número de novas empresas entrando com sua linha de produtos para atuar como fornecedores do agro, seja de produtos ou de serviços.”

A economista Amaryllis Romano, com mais de 30 anos de experiência em análise setorial, diz que, por ter uma cadeia extremamente vasta, o agronegócio envolve muitos ramos da indústria, como embalagens, adesivos e tintas. “Eu acredito que ainda podemos esperar muitas indústrias de fora do agro investindo no setor para viabilizar a produção e o escoamento dos produtos.”

Ela destaca, no entanto, que ainda é preciso muita inovação nas cadeias industriais do país que servem o agro. “Lá fora, vemos coisas mais interessantes em termos de embalagem, por exemplo, para distribuir a produção ou para levar o insumo até o produtor rural.” Outros setores, segundo a economista, que podem e precisam avançar muito na esteira do sucesso e inovação do agro brasileiro são transporte, armazenagem e financiamento.

Para Antônio Luz, o economista-chefe da Farsul, o agronegócio deu certo no Brasil porque produtores e indústrias associadas ao setor investiram mais em tecnologia, desenvolvimento, eficiência e sobretudo em competitividade – seja no mercado interno ou externo – do que em lobby em Brasília, como fizeram outros setores para proibir entrada de produtos ou aumentar impostos de importação. “O agro precisa de novos produtos da indústria e do setor de serviços. Quem vier com a agenda de competitividade será bem vindo ao setor.”

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) não tem uma estimativa de quantas indústrias no país produzem itens para o agro, mas em sua última pesquisa ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial), em março, os empresários que indicaram estar mais confiantes eram justamente os de companhias ligadas ao agronegócio, como produtos de madeira, biocombustíveis, metalurgia e máquinas e equipamentos.

Fonte: Globo Rural

Postado em 9 de abril de 2021

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