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Sustentabilidade poderá gerar até 20% a mais de crédito para o produtor rural, diz BC

Produtores rurais que atenderem critérios de sustentabilidade poderão ser beneficiados com até 20% a mais de crédito rural, segundo anúncio feito nesta terça-feira (8/9) pelo Banco Central (BC). A partir de 2021, a autoridade monetária vai identificar se as atividades de clientes das instituições financeiras incluem recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, uso de energia renovável, sequestro de carbono, outorga de água a fim de beneficiar aqueles que estejam produzindo de forma sustentável.

De acordo com Otávio Ribeiro Damásio, diretor de Regulação do BC, “vai ser permitido apanhar até 20% a mais e a expectativa é atender uma gama significativa de produtores, naturalmente se eles atenderem os critérios de sustentabilidade”.

Damásio explica que, anualmente, são realizadas mais de 2 milhões de operações de crédito rural, o que significa algo em torno de R$ 200 bilhões. Com base nesses números, a expectativa é que 40% de produtores com “maior envergadura” sejam beneficiados, enquanto os integrantes do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) representem 11% dos beneficiários.

Bureau Verde
A estratégia, segundo o diretor do Banco Central, faz parte da criação do Bureau Verde, uma modernização do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor). “Vai facilitar o processo de certificação de práticas sustentáveis, facilitar a securitização de créditos com emissão de títulos verdes, e, principalmente, vai fortalecer nosso processo de supervisão em relação aos riscos socioambientais”, diz.

Os critérios a serem avaliados ainda não estão definidos e, para isso, o BC pretende promover um debate com a sociedade civil para entender quais outras medidas podem ser mensuradas.

A previsão é que o Bureau Verde para Crédito Rural comece em 2021 e se estenda até julho de 2022, de acordo com Damásio. “Isso vai beneficiar o acesso a crédito em maior volume e criar um incentivo forte para migrar definitivamente para operações de crédito que estejam 100% alinhadas às questões de sustentabilidade”, defende.

Títulos verdes
O anúncio do Banco Central foi feito durante assinatura de um memorando em conjunto com a Climate Bonds Initiative, organização que mobiliza a criação dos green bonds, ou títulos verdes, que vinculam investimentos a soluções para mudanças climáticas. Neste contexto, a modernização do Sicor faz parte de uma série de ações do Banco Central para incentivar emissão de green bonds e caracterizar requerimentos de ativos verdes.

“Uma das restrições à evolução dessa agenda [verde] é o custo de informação. Empresas têm que buscar alguma certificação para garantir que tem característica verde. Essa provisão que vai ter dentro do bureau barateia o custo de informação. Há potencial de grande impacto no sistema financeiro”, sinaliza Fernanda Nechio diretora de assuntos internacionais e de gestão de riscos corporativos do BC.

Mudanças também estão sendo propostas pelos bancos centrais britânico e americano, de acordo com Justine Leigh-Bell, diretora de desenvolvimento de mercado da Climate Bonds Initiative. “As instituições financeiras precisam trazer essa análise de forma objetiva e fundamental para as indústrias verdes sem dar nenhum tipo de custo extra para essas instituições”, ela defende ao dizer que, assim, haverá mais robustez para a economia de baixo carbono.

Amazônia
Quem também participou do evento virtual foi Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Para ele, atualmente não basta analisar as práticas para concessão do crédito, mas é preciso “canalizar mais recursos para financiar uma transição para a economia verde”. Segundo Sidney, 22% do saldo das carteiras de crédito dos bancos, em dezembro de 2019, foi destinado para empresas de setores que contribuem para a economia verde.

“Os bancos são parte da solução e não do problema”, defende ao citar a iniciativa das instituições Itaú, Bradesco e Santander de criar o Conselho Consultivo da Amazônia para impedir o financiamento a empresas e produtores que promovam o desmatamento ilegal. Sobre este assunto, Sidney revela que “a Febraban está avaliando, inclusive, se é o caso de potencializar essas ações numa abordagem mais setorial. Caminhamos para isso”.

Fonre: Globo Rural

Postado em 9 de setembro de 2020

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